quinta-feira, 15 de junho de 2006

Discurso por ocasião da abertura da 26ª Jornada Nacional de Cineclubes


Senhor Humberto Gabbi Zanatta
Representante do exmo senhor prefeito em exercício de Santa Maria Werner Rempel.

Senhor Antonio Claudino de Jesus
Presidente do Conselho Nacional de Cineclubes

Senhor Paulo Henrique Teixeira
Coordenador do Cineclube Lanterninha Aurélio

Senhor Carlos Alberto Badke
Coordenador do Cineclube Unifra

Luiz Alberto Cassol
Coordenador Geral do Santa Maria Vídeo e Cinema

Senhor Álvaro de Carvalho Neto
Coordenador da Estação Cinema

Senhoras e senhores

Meus caros amigos e amantes do cineclubismo.
É com muita alegria e satisfação que temos a honra de recepcioná-los para uma semana de intensos debates e deliberações sobre o movimento cineclubista.
Sejam bem-vindos.
Santa Maria é uma bela e acolhedora cidade. Uma cidade que tem muitos jovens e uma efervescência cultural. E a Cesma tem a pretensão de fazer parte um pouco dessa efervescência.

Nesse momento se faz necessário uma breve apresentação desse Centro Cultural Cesma.
E para iniciarmos essa explanação devemos remontar, ou melhor, rememorar a distante década de 70.
A Cesma foi fundada em pleno regime militar. Nos primeiros passos da Cesma o presidente do Brasil era aquele que pediu para ser esquecido e que a história gentilmente obedeceu.
Após vários meses de encontros para elaborar o estatuto foi marcada a assembléia geral para o dia 16 de junho de 1978. Compareceram e assinaram a ata de fundação 212 associados. Então, estava fundada a Cooperativa dos Estudantes de Santa Maria. Cujo principal objetivo era a defesa econômica e cultural de seus associados.

Os abnegados estudantes de 78 também fundaram um cineclube, o nosso querido e simpático Cineclube Lanterninha Aurélio, que é e continuará sendo, é bom que se frise, um dos principais projetos culturais da Cesma.
O projeto cultural Cineclube Lanterninha Aurélio tem praticamente a mesma idade da Cesma.
Gostaria de lembrar um trecho de um breve discurso do nosso primeiro presidente na abertura da I feira internacional do livro em 1993.

“A Cesma foi uma manifestação política, social e cultural daquele momento histórico que nós vivíamos. Na universidade havia um segmento que propunha o cineclubismo. Uma associação de pessoas para projetar filmes, fitas vindas de canais não convencionais. Filmes que não passavam no circuito comercial dos cinemas. A Cesma nasceu para trazer e fazer a cultura não convencional. Combater os interesses puramente lucrativos. Assim, junto com a Cesma surgiu o Cineclube Lanterninha Aurélio.”

Hoje as sessões do cineclube são nesse auditório. O auditório João Miguel de Souza.
O Centro Cultural Cesma conta com mais de 35 mil associados. Tem participação relevante na feira do livro. Temos amplos espaços para exposições de artes, distribuídos em uma área de 2500 metros. Teremos num futuro próximo um Café Cultural. Teremos um memorial da Cesma, dos estudantes e do cooperativismo. Também editamos o Rascunho que é o jornal que reflete e propõe um pensamento solidário, democrático e ético.

Mas por que a Cesma é uma cooperativa? É interessante salientarmos algumas diferenças entre cooperativas e uma livraria, pois nesse sentido afloram visões de mundo, uma ideologia, uma inclusão cultural participativa e democrática. Senão vejamos.

Cooperativas

Associação de pessoas
Voto, decisão e direção por associado.
Objetivo de prestação de serviço

Livrarias

Associação de capital
Voto por ações, Decisões da minoria, Direção do proprietário.
Objetivo do lucro do proprietário

Nesse momento em que a política e os políticos estão meios desacreditados. E que por trás de qualquer empreendimento sempre tem uma falcatrua, uma suspeita, é bom salientarmos alguns princípios do cooperativismo.
Adesão livre: qualquer pessoa pode se associar ou se desligar da cooperativa quando quiser.
Gestão democrática: cada associado um voto, a cooperativa é administrada pelos próprios associados.
Distribuição das sobras: quando houver, os associados, em Assembléia Geral, decidem o que fazer.
Juros limitados ao capital: a cooperativa não remunera o capital integralizado (cotas-partes) pelos associados.
Neutralidade: religiosa, política, social, sexual e racial.
Educação cooperativa: preparar para o agir cooperativo.
Envolvimento com a comunidade: a cooperativa deve atuar junto à comunidade, favorecendo o seu desenvolvimento.

Enfim, a Cesma é fruto de uma construção coletiva. E sempre se caracterizou como uma cooperativa ciente de seu destino dentro dos preceitos éticos do cooperativismo. Da transparência administrativa e da democracia.

Como falou João Miguel e são princípios que fazemos questão de salientar. “Combater o lucro fácil e fazer a cultura não convencional”. Sintetiza sentimentos de uma cultura popular e de inclusão. A cultura do povo.


Santa Maria, 10 de julho de 2006


Athos Ronaldo Miralha da Cunha
Presidente da Cesma